Sophie
Home sweet home. E aqui estou eu. Me sentindo livre, confortável e bem. Saudades é uma coisa que sufoca o coração, não conseguia raciocinar fora de Nova Iorque, me sentia sufocada. Era isso, estava sufocada. Agora eu finalmente conseguia respirar, finalmente o oxigênio entrava tranquilamente pelos meus pulmões e passeava pelo meu sangue. Sorri ao abrir as cortinas e ver o Sol frio adentrar a sala. Boa tarde Nova Iorque.
Tenho feito o possível para não pensar no que fiz, não quero de forma alguma me lembrar dessa escolha. Se pudesse arrancaria esse pedaço da minha memória, me sinto culpada. Na verdade eu sou culpada. Fui embora sem ao menos dizer tchau, não disse nada a elas. Esqueci de todas as promessas ao fazer isso, eu sei, eu tenho consciência. Mesmo me sentindo culpada, eu não vou pensar no assunto. Não vou pensar em Lara e em como ela deve estar aos prantos, se perguntando o que deveria ter feito, por que fez, aonde errou, o que mereceu para isso. Senti um aperto no peito e engoli o nó na garganta. Nem pensar em Lorrana que deve estar consolando ela e se fazendo de forte, mas imagino-a entrando no quarto finalmente chorando, soluçando, lembrando de tudo o que já passamos juntas e não conseguindo rir com os micos, só chorar, porque foi isso que nossas lembranças engraçadas viraram: lágrimas de saudades.
Enxuguei as minhas lágrimas e me sentei no sofá com a cabeça baixa. Soltei todo o ar dos meus pulmões e olhei em volta. Parece que o agradável Sol frio de Nova Iorque está frio demais e o brilho não está tão estonteante. Na verdade está desagradável e me deixando desconfortável. Me ajeitei no sofá. "Que sala sem graça" pensei. Esse sofá está frio, essa lareira poderia ser de verdade, a mesa poderia ser maior para caber mais pessoas, mas quem eu teria para passar noites de pizza e risadas acolhedoras nessa mesa? Se as meninas estivessem aqui isso não seria problema. Se tudo estivesse bem, se eu não tivesse desistido, se... Senti um calafrio e me levantei balançando a cabeça e rejeitando esses pensamentos. Estou em casa, estou feliz. Andei até a cozinha e preparei um chá. Poderia chamar alguns dos meus colegas para uma noite de pizza. É, vai me distrair. Peguei o celular e liguei para Megan, minha colega de trabalho.
- Oi! Você ligou para Megan, não estou no momento, estou nas Bahamas! Uhuuuul! Quando eu voltar te retorno... Se eu gostar de você, tchau! -Ri. Droga, tinha me esquecido da viajem com o namorado dela.
Talvez o Mark, outro colega de trabalho, estivesse disponível. Liguei para ele.
- Pois não.
- Mark?
- Sim.
- Mark, é a Sophie. -Empolgada- Eu gostaria de saber se você tem alguma programação para hoje a noite? -Sorri.
- Ei Sophie! Desculpe, eu gostaria de estar disponível mas eu vou fazer hora extra.
- Ah, tudo bem então... -Desfiz o sorriso.
- Desculpe, preciso desligar. Até mais Sophie.
- Até... -Desliguei.
Quem mais poderia sair comigo? Tem a Brity, minha única amiga próxima aqui, mas ela viajou para a França a negócios... a 2 anos.
Funguei e me sentei no sofá novamente. O que estava errado? Por que eu estava me sentindo estranhamente desconfortável na minha casa em Nova Iorque?! Por que tudo parecia esquisito demais?!!!
Me levantei furiosa, "já chega, essa situação está ficando insustentável!" Pensei "Se recomponha Sophie!". Coloquei a xícara de chá cheia em cima da mesa, vesti um casaco e sai batendo o pé. Que coisa!
Preciso dar uma volta no Central Parque e tudo se resolve.
[...]
Nada se resolveu. Muito pelo contrário, aqui estou eu: Sentada no chão tomando a terceira taça de vinho, chorando depois de ver 3 adolescentes andando e rindo pelo parque, vendo vídeos antigos meus com as meninas. Éramos tão diferentes das meninas normais, mas tínhamos sonhos impensáveis que alcançamos por apoiar uma a outra. Funguei terminando de ver um vídeo meu com a Lorrana. "Mas que droga!" Pensei. Será que eu não conseguia me recompor?! Tudo por causa dessas meninas?! Tudo por conta das coisas do passado?! Me revoltei! Isso é um saco, estou cansada, CANSADA, de ficar remoendo a culpa. E parece que sempre há algo no meio do meu caminho para me fazer lembrar dela.
- Chega Sophie! -Cruzei os braços e prestei atenção no filme de romance que passava na TV. Meus pensamentos ainda gritavam o nome de Lorrana e Lara- Cala a boca! -Gritei para a minha cabeça e por um instante questionei minha sanidade.
Aumentei o volume da TV a ponto de incomodar quem quer que estivesse ao lado do meu apartamento. Bufei. Preciso de um banho. Não faz nem duas horas da tarde e eu estou fedendo e ligeiramente bêbada. Que horror! Sophie, isso não é seu estilo. Me levantei e fui até o armário. Preciso de uma roupa confortável, nada de se importar com beleza agora. Estou para baixo por causa das meninas e isso me tira a empolgação de qualquer embelezamento, elas eram tudo para mim naqueles tempos, era tudo o que me importava, era minha única preocupação, "Droga Sophie! Você só tinha que tomar conta de duas!!! " Parei de dedilhar as roupas e comecei a revira-las com raiva. "Mas que bosta você fez!!! Você fracassou! FRACASSOU! Deveria ter tomado mais cuidado, você não prestou atenção nas suas escolhas! Por que fez isso Sophie? Você esqueceu das suas promessas! Vocês não as merece!" Passei a jogar as roupas com força sobre a cama e minhas lágrimas já nem eram mais controladas. "Que porcaria! Por que você tinha que ter feito isso?! Por que não tentou aproveitar sua segunda chance?! Você não teve só uma Sophie! Você teve duas!!!" Soquei o armário enquanto jogava mais roupas, até chegar ao fundo dele, onde encontrei o que não deveria ter encontrado. Solucei parando imediatamente com o meu ataque de raiva e olhando em estado de choque para a blusa. Instantaneamente minha mente me direcionou no tempo e lá estava eu, no dia 23 de novembro de 2012, na oitava série, com a mesma blusa que as meninas. Nos encontramos no topo da escada aos gritos. Era nosso ultimo ano no Ensino Fundamental, finalmente iríamos para o Ensino Médio!!! Estávamos tão empolgadas. Era o dia do trote, teríamos que ir com a roupa igual a de um colega, para parecermos gêmeos. Fomos trigêmeas porque nunca ligamos para regras mesmo. Não estávamos acreditando que no ano seguinte faríamos parte dos grandões da escola. Mal sabíamos que para isso enfrentaríamos um ano de muita dificuldade, mal sabíamos que deixaríamos algumas coisas entrarem no nosso caminho, que esqueceríamos de nós e nos aventuraríamos com outras pessoas. Enfrentaríamos um ano em que nem olharíamos uma para a outra e se olhássemos as lágrimas surgiriam. Mal sabíamos que a nossa felicidade estava prestes a acabar, que nossa fidelidade seria testada e que sofreríamos para nos manter unidas por mais um ano. Venceríamos, mas não seríamos mais as mesmas. Querem um conselho? Não cresçam! Vocês se esquecem das coisas importantes na sua vida por coisas tolas e infelizmente as perde!
"Yes Way" li mentalmente o que estava escrito na blusa. Ri. Nunca soubemos ao certo o que essa frase significava, só a escolhemos porque era a nossa cara. Talvez agora eu saiba, agora eu entenda. O destino talvez estivesse tentando nos avisar, nos avisar de que precisaríamos ter seguido um único caminho, juntas. Um único caminho naquele dia, um único caminho no Ensino Médio, um único caminho naquele dia no aeroporto, um único caminho todos os dias da nossa vida, um após o outro, e venceríamos as barreiras que hoje nos venceram. (N/a: pra quem quer saber... Sim, eu estou aos prantos porque to escrevendo isso ouvindo Half a Heart!) Urrei finalmente acordando do meu surto de raiva e me dando conta de que minha consciência estava tentando me digerir pouco a pouco sem eu nem tentar lutar. Arranquei a blusa do armário e marchei até a cozinha.
- JÁ CHEGA!!! -Berrei abrindo o armário e tirando uma tesoura- EU. CANSEI. DISSO.! -Gritei pausadamente enquanto picotava a blusa- ME DEIXEM EM PAZ!!! -Peguei o fósforo- EU NÃO AGUENTO MAIS ISSO! -Acendi o fósforo e taquei em cima da blusa- ISSO É POR VOCÊS NÃO TEREM PENSADO EM MIM QUANDO COMEÇARAM A MUDAR NAS FÉRIAS ANTES DO ENSINO MÉDIO!!! -Rangi os dentes apontando para a camisa no chão que pouco a pouco pegava fogo- ISSO É POR VOCÊS NÃO TEREM PENSADO EM MIM QUANDO BRIGARAM NA PORCARIA NO PRIMEIRO ANO!!! -Peguei o vasinho de flores em cima da bancada da cozinha e o taquei na blusa- ISSO É POR VOCÊS NÃO TEREM PENSADO EM MIM QUANDO RESOLVERAM VIRAR PESSOAS DESCONHECIDAS DEPOIS DAS BRIGAS!!! -Pisoteei a blusa cheia de cacos de vidro e terra- E ISSO É POR VOCÊS NÃO TEREM PENSADO EM MIM QUANDO RESOLVERAM PARTIR E ME DEIXAR PARTIR!!! -Taquei a blusa na parede e me sentei aos prantos no chão.
O que estava acontecendo comigo? Por que eu estava assim? Eram só amigas, só isso...
- O que você quer que eu faça Ryan? Que eu te deixe?! Que eu te esqueça?! Mas eu quero ficar aqui! Aqui é o meu lugar Ryan!!! -A mulher berrou aos prantos na televisão. Tinha me esquecido de que estava ligada.
- Rachel eu quero que você seja feliz! Vá atrás do que te faz feliz!!! -Ele berrou de volta- Eu não sou sua felicidade Rachel, eu... Eu estou a beira da morte. -Ele fungou e eu também funguei atenta ao som que saia da televisão- Não posso ser o que você quer, servi por um tempo Rach mas a sua verdadeira felicidade chegou. Vá atrás do Chris e continuem a história de vocês, eu sempre estarei aqui -Apontou para o seu coração- Te esperando quando quiser voltar, nunca sairei de você, mas você sairá de mim para ser feliz.
- Mas eu lutei para estar aqui Ryan, não posso abrir mão de você... -Choramingou.
- Não Rach, eu fui fácil... você abriu mão de Chris para estar aqui, esse foi o seu erro. -Ele tossiu- Vai atrás do que você perdeu e me deixe orgulhoso Rachel.
- Mas eu lutei para estar aqui Ryan, não posso abrir mão de você... -Choramingou.
- Não Rach, eu fui fácil... você abriu mão de Chris para estar aqui, esse foi o seu erro. -Ele tossiu- Vai atrás do que você perdeu e me deixe orgulhoso Rachel.
- Não... -Eu e Rachel respondemos ao mesmo tempo suplicantes.
- Rachel, vá atrás de quem te fará feliz. -Ele tossiu novamente e eu choraminguei- Se você ficar eu morrerei dentro de horas e você terá perdido o vôo e a chance de ser feliz, mas se ir, eu morrerei feliz por você ter conseguido aceitar. -Ele Sorriu amarelo e eu solucei.
- Adeus Ryan... -Foi a única coisa que ela falou antes de sair correndo aos prantos.
Corri até a TV e a desliguei. "Ah que legal, agora dei para receber conselhos de filmes dramáticos dos anos 60! Legal mesmo isso ai em Sophie" bufei "Será que da para você engolir esse seu orgulho e seguir o conselho que acabou de ouvir?!" Franzi o cenho. A briga interna dentro de mim se dividiu entre o meu cérebro e o meu coração. "CARACA! Será que eu vou ter que gritar com você Sophie??? É a sua ultima chance, consegue entender isso?!!!" Arregalei os olhos.
- Merda! É minha ultima chance! -Bati na minha própria testa- É minha ultima chance e eu estou fazendo tudo errado! -Bati mais. Sanidade se foi okay?
"Isso!!! Finalmente você ta raciocinando!" Esse foi o meu coração falando com o meu cérebro. Olhei para a blusa destruída no chão.
- Aaaaah mas que droga!!! -Corri até ela e a sacudi- Até que não está tão mal. -Fiz uma careta olhando a blusa cheia de buracos, queimaduras e terra.
Certo, chega de escolhas erradas. É hora de fazer uma certa. Corri até o telefone e liguei para a compainha aérea.
- Blue Airlains, o que deseja?
Lorrana
Eu realmente não queria ler aquela carta para a Lara, foi difícil para mim, imagina para ela. Por mais que eu não queira, eu tenho que me lembrar de que ela já é uma adulta e não a minha bebezinha, é um direito dela saber. Sem tentar pestanejar comecei a ler aquela carta, que a cada palavra lida, fazia meu estômago embrulhar.
Os próximos segundos foram confusos e eu não entendi nada. Só consegui ouvir o barulho de algo rolando escada abaixo. Droga, eu não deveria ter lido essa carta para ela, pelo menos não na escada. Tirei a folha do meu campo de visão e só então eu consegui ver a cena. Eu queria rir, muito, mas o momento não me permitiu. Corri até Lara que chorava ao mesmo tempo que gargalhava.
- Lara!!! -Desci a escada.
Eu realmente não queria ler aquela carta para a Lara, foi difícil para mim, imagina para ela. Por mais que eu não queira, eu tenho que me lembrar de que ela já é uma adulta e não a minha bebezinha, é um direito dela saber. Sem tentar pestanejar comecei a ler aquela carta, que a cada palavra lida, fazia meu estômago embrulhar.
"Primeiramente eu queria falar o quão difícil foi fazer essa carta. Eu escrevi e rescrevi varias vezes, pensei em deixar só um recadinho como "Oi, fui embora! Beijos!", ou até não deixar nenhuma explicação e simplesmente sumir. Mas isso não seria justo com vocês.
Meninas, a essa altura eu já devo estar no meu voo de volta para casa. Sim, voltei pra NYC. Voltei para a minha cidade cinza e movimentada. Não pensem que eu não amo vocês! Pelo contrário, amo muito! Vocês foram aquelas que marcaram minha vida, me ensinaram coisas que eu jamais aprenderia sozinha e que me ajudaram a crescer e encarar a tão monstruosa vida. Não me julguem, por favor! Aqui não é o meu lugar, nunca gostei de calor mesmo.
Olha, independente de qualquer coisa eu quero que saibam que quando vocês estiverem tristes, com o coração cheio de mágoas, me procurem. Se eu não puder ajudar,
prometo que tomarei um bom porre com vocês e xingarei todos que deixaram vocês assim! Quando vocês estiverem felizes e quiserem comemorar, me procurem. Se eu não puder ser aquela banda
que vocês desejam que toque, posso fazer muito barulho, assobiando, gritando, cantando
e batendo as tampas da panela!
Quando vocês estiverem pra baixo, me procurem. Posso não conseguir levantar o astral de vocês, mas prometo fazer de tudo para que vocês não caiam ainda mais! Quando vocês estiverem com medo de alguma coisa, me procurem. Prometo que vou tirar um sarro da cara de vocês, vou me virar do avesso de tanto rir e vocês vão criar coragem na hora! Quando vocês estiverem com uma confusão muito grande na cabeça, me procurem. Prometo explicar minuciosamente o quanto vocês não entendem nada vezes nada! Essas promessas são para valer... Eu posso estar do outro lado do país, a millhares de quilômetros, mas nada muda. Podem aparecer quando quiserem, e eu prometo que vou aparecer por ai. Só não consigo ficar de vez... E tudo o que passamos? Ficará sempre na memória... aqueles momentos que passamos juntas, nada, nem ninguém será capaz de superar aqueles sentimentos que que vivemos juntas. Sentirei a falta de vocês para todo o sempre, porque sei que vocês não entraram na minha vida para sair dessa forma e sim para permanecer eternamente no meu coração. Vocês sempre souberam que não gosto de despedidas, por isso parti deixando apenas essa carta como uma explicação. Essas palavras podem voar pelos quatro ventos, mas não mudarão em nada. Eu amo vocês, muito, muito mesmo. Lara, tenho orgulho da pessoa que você se tornou. Amadureceu, mas não deixou de ser nossa bebezinha super protegida. Cuida da Loh por mim ta? Loh, também tenho orgulho da pessoa que você se tornou. Sempre foi a mais madura, encarava tudo de peito aberto, e olha agora a mulher que se tornou! Cuida da Lara por mim ta?
Bom, eu tenho que ir se não perco o voo. Obrigada por tentarem retomar tudo como era antes, e me desculpem por eu não ser capaz de ajudar nisso. Deixei o quarto arrumado, e o controle do portão esta dentro do vaso vermelho. Amo vocês meninas, não se esqueçam disso.
Bom, eu tenho que ir se não perco o voo. Obrigada por tentarem retomar tudo como era antes, e me desculpem por eu não ser capaz de ajudar nisso. Deixei o quarto arrumado, e o controle do portão esta dentro do vaso vermelho. Amo vocês meninas, não se esqueçam disso.
Com amor,
Sophie."
Os próximos segundos foram confusos e eu não entendi nada. Só consegui ouvir o barulho de algo rolando escada abaixo. Droga, eu não deveria ter lido essa carta para ela, pelo menos não na escada. Tirei a folha do meu campo de visão e só então eu consegui ver a cena. Eu queria rir, muito, mas o momento não me permitiu. Corri até Lara que chorava ao mesmo tempo que gargalhava.
- Lara!!! -Desci a escada.
- Eu... Ela... Escada... -Começou a chorar, dessa vez sem gargalhada. É de partir o coração, que nem quando você vê um cachorro com a pata quebrada, mas a Lara não é um cachorro e não quebrou nada, eu acho... Ou pelo menos espero.
Hospital. Foi a primeira opção que me veio a cabeça quando vi Lara esparramada no chão, mas logo ela foi substituída pela segunda opção que seria gelo e chocolate, ja que me lembrei que Lara odeia hospitais. Foram necessárias 2 barras de chocolate, um pacote de ervilha e 2 horas de muito choro para Lara acabar babando no meu travesseiro apagada. Realmente, essa menina da mais trabalho do que criança, por pouco não enfiei ela numa banheira cheia de água gelada. Nem tive tempo para digerir o que tinha lido a algumas horas atrás, Sophie tinha ido embora sem ao menos se despedir. Doeu tanto saber que ela não ligava para o que iríamos sentir. É fato que ela odeia despedidas, não tanto como eu, mas acho que ela bem sabia que se ficasse para se despedir nós a convenceríamos do contrário, com certeza. É, ela foi esperta, mas e quanto a nós? E quanto as suas melhores amigas? Acho que realmente as coisas acabaram mal, do jeito que não queríamos. Eu havia consolado Lara, sequei seu rosto e ouvi todas as suas reclamções misturadas com choros, mas e quanto a mim? Quanto a minha dor? Quanto as minhas lagrimas? Não poderia exigir isso de Lara, que não tinha estrutura nem para se controlar, que dirá me ajudar. Mas de quem eu exigiria?
Saltei da beirada da cama e peguei minha bolsa na escrivaninha, sabia para onde ir. Escrevi um pequeno bilhete para Lara e o colei na porta sabendo que se deixasse no travesseiro ela nem veria. Desci as escadas e me certifiquei de que as luzes estavam apagadas. Assim que entrei no carro automaticamente a ansiedade para ver Chris e chorar surgiu e o acelerador foi meu único alvo naquele momento. Ganhei três multas nessa brincadeira, não façam isso!
Estacionei o carro e pulei para fora do mesmo correndo imediatamente em direção a porta da casa de Chris. Brand, seu irmão, a abriu me olhando confuso, talvez por eu ter aparecido esse horário na casa deles sem ao menos ter avisado que viria.
- Onde ele esta Brand? -Perguntei tentando disfarçar o nó que sufocava minha garganta deixando minha voz trêmula.
- Loh... -Ele parou ao perceber que não poderia me ajudar nem se quisesse. Brand respirou fundo e abriu passagem- Quarto dele, você conhece o caminho. -Sorriu torto e eu apenas acenei agradecida.
Uma das qualidades de Brand é não perguntar nada para alguém quando percebe que a resposta não é algo bom e confortável para a pessoa, qualidade essa que Chris não tem, mas eu convivo com isso. Entrei as pressas enrolando mais o casaco que estava usando, não era frio, era minha fraqueza se expondo. Aumentei os passos e subi a escada pulando de dois em dois degraus. Não esperei ou fiz cerimônia para bater na porta, apenas abri e entrei. Agradeci mentalmente por ele estar vestido e mexendo no notebook. Vi seu olhar confuso focar no meu marejado e em questão de segundos seu olhar me revelou que ele havia entendido que nada estava bem. Ele ajeitou a postura e esperou que eu falasse.
- Eu não aguento mais segurar... -Foi tudo o que a minha garganta e o nó que se prendia nela me permitiram falar, depois disso foram soluços e lágrimas.
- Ei, ei... vamos com calma... -Ele saltou da cama e me agarrou, foi o suficiente para minhas pernas amolecerem e eu depender de seus braços para continuar de pé.
Chris sabia que eu não conseguiria explicar, não só por causa do choro, mas por falta das palavras. Quando quero desabafar o choro me cai melhor do que as palavras e ele sabe disso, é bom que ele saiba. Nao precisei falar para ele saber que eu estava mal, apenas chorei até sentir que precisava parar por uma questão óbvia, desidratação. Meus pensamentos estavam bagunçados demais para me lembrar de todos os detalhes, só sei que deitei a cabeça no colo de Chris e falei algumas poucas palavras exclarecedoras. Não me lembro do resto.
Lara
Ai.Minha.Cabeça.
Como o meu coração veio parar nela?! Quando isso aconteceu?!
Mais uma batida e eu tive certeza, meu coração foi parar no meu cérebro. E agora?
Levantei mais tonta do que pião, o que não faz nenhum sentido eu sei, e tentei me localizar.
Primeiramente: Quem sou eu? Aonde estou? E por que meu coração esta no meu cérebro? Ok. Lara Martinez. Casa da Lorrana. Chorei feito criança ontem a noite. Isso explica muita coisa. Fui assimilando uma coisa a outra enquanto caminhava até o banheiro da Loh, engoli o nó ao pensar em Sophie e em como ela nos deixou para trás de vez. Meu estômago revirou, não vomitaria, nao tinha nada para vomitar... mas se eu tivesse. Lavei o rosto e me olhei no espelho. Arrependimento define o que eu senti ao fazer isso, ou eu levei uma surra nos dois olhos ou eu estou virando um peixe boi. Ri fraco, claro Lara! Fiz minhas necessidades íntimas e tomei um banho. Sai do banheiro e vi um papel amarelho no meio da grande porta marrom.
"Casa do Chris. Não é uma longa história. Ele pediu minha ajuda numa materia da faculdade. Foi urgência. Volto amanhã. XxLoh"
Foi tudo que ela falou no bilhete que encontrei colado a porta. Ótimo, acho que estou sozinha em casa. Preciso de comida agora mesmo! Desci a escada as pressas e me arrastei até a cozinha. Peguei todos os ingredientes que me forneceriam um produto final de pão com toddy. Cantarolar seria uma ótima opção agora, na verdade, se eu estivesse no meu estado normal eu estaria deformando uma música usando vários tipos de vozes, não cantando. Eu provavelmente usaria todos os utensílios como microfone e dançaria melhor do que uma zebra com caimbra. Eu estaria sendo Lara se não tivesse passado por tudo o que passei até aqui. Essas duas estão acabando comigo internamente e mal sabem. Sophie foi embora, Lorrana é um iceberg e Beh... não vejo ela desde ontem, onde foi que ela se meteu hein?
- Pode fazer para duas por favor? -E esse foi o momento em que eu pulei da bancada com a faca em mãos, gritando é claro. Meus olhos se arregalaram e se eu tivesse um espelho no momento pararia a situação para ver minhas pupilas porque deu a impressao de que rasgaram meus olhos.
- O que você esta fazendo aqui?! -Gritei mais alto do que deveria, ou poderia.
- Bom dia. -Lorrana abriu a porta de casa e nós a olhamos. Assim que ela nos viu arregalou os olhos- O que... ? -Deixou a frase morrer
Saltei da beirada da cama e peguei minha bolsa na escrivaninha, sabia para onde ir. Escrevi um pequeno bilhete para Lara e o colei na porta sabendo que se deixasse no travesseiro ela nem veria. Desci as escadas e me certifiquei de que as luzes estavam apagadas. Assim que entrei no carro automaticamente a ansiedade para ver Chris e chorar surgiu e o acelerador foi meu único alvo naquele momento. Ganhei três multas nessa brincadeira, não façam isso!
Estacionei o carro e pulei para fora do mesmo correndo imediatamente em direção a porta da casa de Chris. Brand, seu irmão, a abriu me olhando confuso, talvez por eu ter aparecido esse horário na casa deles sem ao menos ter avisado que viria.
- Onde ele esta Brand? -Perguntei tentando disfarçar o nó que sufocava minha garganta deixando minha voz trêmula.
- Loh... -Ele parou ao perceber que não poderia me ajudar nem se quisesse. Brand respirou fundo e abriu passagem- Quarto dele, você conhece o caminho. -Sorriu torto e eu apenas acenei agradecida.
Uma das qualidades de Brand é não perguntar nada para alguém quando percebe que a resposta não é algo bom e confortável para a pessoa, qualidade essa que Chris não tem, mas eu convivo com isso. Entrei as pressas enrolando mais o casaco que estava usando, não era frio, era minha fraqueza se expondo. Aumentei os passos e subi a escada pulando de dois em dois degraus. Não esperei ou fiz cerimônia para bater na porta, apenas abri e entrei. Agradeci mentalmente por ele estar vestido e mexendo no notebook. Vi seu olhar confuso focar no meu marejado e em questão de segundos seu olhar me revelou que ele havia entendido que nada estava bem. Ele ajeitou a postura e esperou que eu falasse.
- Eu não aguento mais segurar... -Foi tudo o que a minha garganta e o nó que se prendia nela me permitiram falar, depois disso foram soluços e lágrimas.
- Ei, ei... vamos com calma... -Ele saltou da cama e me agarrou, foi o suficiente para minhas pernas amolecerem e eu depender de seus braços para continuar de pé.
Chris sabia que eu não conseguiria explicar, não só por causa do choro, mas por falta das palavras. Quando quero desabafar o choro me cai melhor do que as palavras e ele sabe disso, é bom que ele saiba. Nao precisei falar para ele saber que eu estava mal, apenas chorei até sentir que precisava parar por uma questão óbvia, desidratação. Meus pensamentos estavam bagunçados demais para me lembrar de todos os detalhes, só sei que deitei a cabeça no colo de Chris e falei algumas poucas palavras exclarecedoras. Não me lembro do resto.
Lara
Ai.Minha.Cabeça.
Como o meu coração veio parar nela?! Quando isso aconteceu?!
Mais uma batida e eu tive certeza, meu coração foi parar no meu cérebro. E agora?
Levantei mais tonta do que pião, o que não faz nenhum sentido eu sei, e tentei me localizar.
Primeiramente: Quem sou eu? Aonde estou? E por que meu coração esta no meu cérebro? Ok. Lara Martinez. Casa da Lorrana. Chorei feito criança ontem a noite. Isso explica muita coisa. Fui assimilando uma coisa a outra enquanto caminhava até o banheiro da Loh, engoli o nó ao pensar em Sophie e em como ela nos deixou para trás de vez. Meu estômago revirou, não vomitaria, nao tinha nada para vomitar... mas se eu tivesse. Lavei o rosto e me olhei no espelho. Arrependimento define o que eu senti ao fazer isso, ou eu levei uma surra nos dois olhos ou eu estou virando um peixe boi. Ri fraco, claro Lara! Fiz minhas necessidades íntimas e tomei um banho. Sai do banheiro e vi um papel amarelho no meio da grande porta marrom.
"Casa do Chris. Não é uma longa história. Ele pediu minha ajuda numa materia da faculdade. Foi urgência. Volto amanhã. XxLoh"
Foi tudo que ela falou no bilhete que encontrei colado a porta. Ótimo, acho que estou sozinha em casa. Preciso de comida agora mesmo! Desci a escada as pressas e me arrastei até a cozinha. Peguei todos os ingredientes que me forneceriam um produto final de pão com toddy. Cantarolar seria uma ótima opção agora, na verdade, se eu estivesse no meu estado normal eu estaria deformando uma música usando vários tipos de vozes, não cantando. Eu provavelmente usaria todos os utensílios como microfone e dançaria melhor do que uma zebra com caimbra. Eu estaria sendo Lara se não tivesse passado por tudo o que passei até aqui. Essas duas estão acabando comigo internamente e mal sabem. Sophie foi embora, Lorrana é um iceberg e Beh... não vejo ela desde ontem, onde foi que ela se meteu hein?
- Pode fazer para duas por favor? -E esse foi o momento em que eu pulei da bancada com a faca em mãos, gritando é claro. Meus olhos se arregalaram e se eu tivesse um espelho no momento pararia a situação para ver minhas pupilas porque deu a impressao de que rasgaram meus olhos.
- O que você esta fazendo aqui?! -Gritei mais alto do que deveria, ou poderia.
- Bom dia. -Lorrana abriu a porta de casa e nós a olhamos. Assim que ela nos viu arregalou os olhos- O que... ? -Deixou a frase morrer
Eeeeeh
Capítulo 4 prontinho :D
Comentem, vão, vão,
Vão! Agora!!!!!!
XxLoh
